Em que consiste
A Bolsa de Colaboração Agrícola (BCA) é um projeto desenvolvido no âmbito do Prémio BPI ”la Caixa” RURAL 2021, que pretende criar uma ponte colaborativa entre agricultores que necessitam de apoio nas suas práticas agrícolas e os recursos humanos e tecnológicos que facilitam essas mesmas práticas no quotidiano, na distrito de Bragança.
Destina-se a agricultores de pequena dimensão, fixados em zonas desfavorecidas, sobretudo àqueles com maior necessidade de apoio, como sejam agricultores idosos em contextos de isolamento, proporcionando melhores condições no envelhecimento, ou como forma de apoio à fixação e permanência de jovens agricultores, criando oportunidades que melhorem a sua qualidade de vida em regiões de baixa densidade populacional.
Destina-se, simultaneamente, a estudantes do Instituto Politécnico de Bragança pertencentes à Comundade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), motivados para uma integração social desafiadora noutros contextos socioculturais, que pretendam trabalhar em agricultura e adquirir experiência prática, favorecendo a sua formação e integração no mercado de trabalho e na comunidade.
Objetivos
Através da criação de uma bolsa onde se registam todos os pedidos de apoio aos trabalhos agrícolas e todas as ofertas de disponibilidade de recursos humanos, procura-se promover o encontro intergeracional e intercultural e dinamizar económica e socialmente zonas rurais isoladas, despovoadas e envelhecidas, valorizando a comunidade local através da partilha do saber fazer e da diversidade cultural. Por outro lado, através da introdução de mecanismos tecnológicos na pecuária e da capacitação dos agricultores como seus utilizadores, procura-se que estes otimizem a sua atividade económica/de subsistência, e a sua qualidade de vida também possa ser melhorada.
Enquadramento
As explorações agrícolas de pequena dimensão e/ou familiares desempenham um papel essencial na economia de muitas famílias, cujos rendimentos provêm frequentemente de atividades diversificadas. As receitas obtidas através destas pequenas explorações constituem assim um complemento ao plurirrendimento, e contribuem para a redução da pobreza, particularmente no caso de pessoas economicamente desfavorecidas, como pessoas idosas ou com baixos níveis de escolaridade.
O quotidiano dos agricultores é marcado por um intenso investimento em tempo e trabalho físico, pautado pela sazonalidade dos trabalhos agrícolas e a irregularidade dos horários. Especialmente no caso da criação de animais de pecuária, as necessidades de atenção são diárias, exigindo uma dedicação praticamente a tempo inteiro. Numa região isolada como é o Nordeste Transmontano, o despovoamento e o envelhecimento são uma realidade e uma ameaça social, que tem vindo a ser sinalizada nos planos de desenvolvimento rural, tanto nacionais, como no PDR2020, como locais, como nos Diagnósticos Sociais dos municípios.
Se por um lado, os agricultores, em particular os mais idosos, carecem de mão-de-obra na ajuda a trabalhos agrícolas que requerem mais esforço e recursos humanos, por outro a possibilidade de saírem e distanciarem-se do trabalho para descanso e maior qualidade de vida é uma realidade pouco provável. Este constrangimento é muitas vezes desmotivador e um entrave que os jovens optem por profissões relacionadas com a agricultura, sector essencial no garante de um futuro próspero e inovador desta atividade primária. Para além disso, a iliteracia tecnológica e o desconhecimento sobre as potencialidades que novas tecnologias podem constituir no apoio às práticas agrícolas limitam a sua adoção e o consequente retorno do seu proveito. A utilização de sistemas de vigilância que dispensam as deslocações constantes dos agricultores permite-lhes uma maior comodidade, ao mesmo tempo que o aumento e registo da informação recolhida sobre os seus animais lhes permite ampliar o conhecimento sobre estes e sobre os seus hábitos, contribuindo para a adoção de práticas de maneio cada vez mais eficazes e apelativas.
Funcionamento
O projeto irá iniciar com a seleção de 15 agricultores participantes, com atividade no território do distrito de Bragança, que serão selecionados por meio de entrevistas. Estes indicarão quais as tarefas e épocas do ano para as quais necessitam de ajuda.
Paralelamente, será criada uma bolsa de 30 estudantes do Instituto Politécnico de Bragança pertencentes à Comundade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se inscrevam e estejam disponíveis para trabalhar e conhecer mais sobre a agricultura praticada na região.
Será feita uma correspondência entre as necessidades assinaladas pelos agricultores e as valências dos estudantes inscritos, que serão distribuídos pelos diferentes períodos de colaboração. Cada agricultor inscrito tem um apoio de 50% no pagamento do trabalho de um estudante participante por um período máximo de 20 dias por ano (um total de 160 horas, repartidas por um máximo de 8h/dia). Os estudantes participantes terão uma remuneração de 6,25€/hora (50€/8h de trabalho) e transporte e/ou estadia assegurados.
Os estudantes poderão demonstrar o seu interesse em participar neste projeto e fazer a respetiva inscrição através deste website, no separador ‘Inscrições’. Posteriormente serão contactados para a realização de uma entrevista de selecção.
+ Info: Inscrições.